São Paulo, 16 de maio de 2019
por Pietro Morgado
Sobre os processos de transfiguração
Há um tempo venho experimentando nos processos do NUTAAN, a possibilidade de acessar pontos de transfiguração, na tentativa de me aproximar de energias mais animalescas na construção dos estados corporais que condicionam minhas danças.
De maneira muito sútil e intuitiva isso vem acontecendo em sessões do MAE (Mandala de energia corporal) e em outras atividades, como por exemplo, durante nossa primeira expedição pelo centro de São Paulo.
No processo do MAE e baseado em referências de tensões encontradas na minha mitologia pessoal, comecei a experimentar minha relação com o chão pensando em répteis. A cobra/serpente foi a primeira referência para minhas trocas de pele, onde a pesquisa de movimento, sob essas condições, se aproxima mais de uma “reptilização” do humano do que uma humanização do réptil.
Mais tarde nesse processo me aproximei também da figura da salamandra de fogo (Pesquisando sobre a salamandra, descobri que esses seres são anfíbios e não répteis, mas, para fins de explorar minha relação com o chão, essa troca de pele continua sendo coerente para mim), que evoca simbologias elementais que muito me interessam.
Pensando também na primeira expedição realizada no centro de São Paulo, experimentei uma troca de pelo com as aves. Em determinado momento do exercício de caminhada, realizado no viaduto da Santa Efigênia, comecei a improvisar olhando para o céu, numa tentativa de me afastar do caos de onde estávamos inseridos, foi então que percebi os pássaros voando e passei a tentar transfigurar aquele voo livre no céu em uma caminhada, um deslizar por entre os corpos, uma relação de céu e chão, vento e terra, humano e ave.
Deixe um comentário